Acampamento Terra Livre é marco da resistência indígena brasileira.

 

Com o tema “Retomando o Brasil: Demarcar Território e Alder a Política” aconteceu de 04 a 14/04/2022 o 18° ATL em Brasília DF. Considerado a maior mobilização indígena do mundo está edição contou com a presença de mais de oito mil indígenas de 200 etnias de todas as regiões do país. Além das pautas a serem tratadas muitos indígenas têm a oportunidade de rever “parentes”, confraternizar e difundir aos visitantes não indígenas sua cultura e comercializar belos artesanatos.

Entre as manifestações culturais, temas políticos foram abordados e discutidos em plenárias para que um documento fosse elaborado ao final do acampamento. Durante o evento, passeatas foram realizadas várias vezes com destino o Congresso Nacional para chamar a atenção, da população e principalmente dos parlamentares para os problemas da temática indígena e a relação com o Governo Federal.

No dia 12/04 o encontro recebeu a visita do ex Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Aguardado com satisfação ele pode ver o espaço das plenárias completamente lotado por indígenas que queriam conhecer as propostas para eles caso eleito nas próximas eleições em outubro de 2022. Ficaram satisfeitos porque entre promessas ouviram: “A criação de um Ministério ara Assuntos Indígenas, com ministro indígena”.  Lula chegou acompanhado de parlamentares aliados e foi recepcionado no palco por parlamentares e líderes indígenas.

O Movimento dos Sem Terra (MST) foi um dos parceiros do evento fornecendo milhares de refeições durante todos os dias.

Ao final do evento foi redigido um documento: ATL 2022: Povos Indígenas unidos, movimento e luta fortalecidos, em 14/04/2022. Entre pontos importantes destacamos a difícil relação dos indígenas com o governo de Jair Bolsonaro: “Como nos tempos da invasão colonial, enfrentamos um declarado plano de morte, etnocídio, ecocídio e genocídio, nunca visto nos últimos 34 anos de Democracia no nosso país. Bolsonaro,  desde sua campanha eleitoral e já no primeiro dia de seu mandato, proferiu discursos racistas e de ódio contra os Povos Indígenas, elegendo-nos como inimigos preferenciais e promovendo o desmonte do Estado, principalmente das instituições, políticas e programas que conquistamos ao longo das últimas três décadas, voltadas a atender nossas necessidades, interesses e aspirações, em linha com os  direitos que nos assegura a Constituição Federal de 1988.”

“Além de defender a nossa integração à chamada sociedade civilizada e uma propagandeada cultura nacional, visando a dissolver as nossas diversas identidades socioculturais, Bolsonaro incentivou invasões aos nossos territórios e a violência contra nossos parentes. O atual presidente trabalha ainda para legalizar a atuação das organizações criminosas que agem nos territórios: garimpeiros, madeireiras, pecuaristas, milicianos e grileiros.”

Bolsonaro, além de desmontar o Estado, para  justificar a privatização do patrimônio público, ainda persiste na implementação do seu pacote de destruição e morte, com a implantação, em nossos territórios e seus entornos, de empreendimentos devastadores como a mineração, hidrelétricas, portos, estradas, linhas de transmissão e produção de monocultivos com o uso ostensivo de veneno.. No Congresso Nacional, Bolsonaro e sua base de sustentação, maioritariamente ruralista e evangélica, defendem uma série de iniciativas legislativas que visam a materializar o seu projeto de morte. Entre estas iniciativas, destacam-se o Projeto de Lei  490/2007, do Marco Temporal; PL 191/2020, da Mineração em Terras Indígenas; PL 6299/2002, pacote do Veneno; PL 2633/2020 e PL 510/2021, da grilagem de Terras públicas; PL 3729/2004 (agora PL 2159/2021, sob análise do Senado) do Licenciamento ambiental; PL 2699, do Estatuto do desarmamento e porte de armas.

Precisamos interromper esses processos de destruição e morte. Nossa luta é por nossos Povos, sim, mas também pelo futuro de todos e todas as brasileiras e pela humanidade inteira! Lutamos por um projeto civilizatório de país e de mundo. Um projeto baseado nos princípios do respeito à democracia, aos direitos humanos, à justiça, ao cuidado com o meio ambiente e com a Mãe Natureza; um projeto que respeite a diversidade étnica e cultural do país do qual fazemos parte, com mais de 305 povos diferentes e 284 línguas indígenas, sem racismo, preconceitos e discriminações de nenhum tipo.”

O documento conclui citando “eixos para uma plataforma indígena de reconstrução do Brasil.” Entre os pontos citados estão:

EIXO 1 – DIREITOS TERRITORIAIS INDÍGENAS – DEMARCAÇÃO E PROTEÇÃO AOS TERRITÓRIOS INDÍGENAS JÁ!

EIXO 2 – RETOMADA DOS ESPAÇOS DE PARTICIPAÇÃO E CONTROLE SOCIAL INDÍGENAS.

EIXO 3 – RECONSTRUÇÃO DE POLÍTICAS E INSTITUIÇÕES INDIGENISTAS.

EIXO 4 – INTERRUPÇÃO DA AGENDA ANTI-INDÍGENA NO CONGRESSO FEDERAL.

EIXO 5 – AGENDA AMBIENTAL.

 

*Veja o documento na integra.

**VEJA AS FOTOS DO ATL 2022.

 

Ag. JCBarretoNews

 

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