Apesar de todos os esforços na divulgação sobre o descaso
com os cemitérios da Colônia Santa Marta, lugar onde estão sepultadas pessoas
que passaram a vida em sofrimento e discriminação, ainda está em completo
abandono por parte do Poder Público Municipal de Goiânia. Moradores próximos ao
Campo Santo informaram que mais de uma centena de pessoas, parentes e amigos,
estão enterrados lá, porém, fica quase impossível se aproximar das campas para
reverenciar aos que partiram.
Apesar de não constar no mapa dos cemitérios de Goiânia, pelo menos no Google, o local resiste e existe, apesar de ignorado por autoridades municipais que para o Dia de Finados promoveram a limpeza nas necrópoles que abrigam a população mais influente e melhor financeiramente, deixando de lado os menos favorecidos como os do Cemitério da Colônia Santa Marta.
Nos Cemitérios mais conhecidos e bem frequentados da cidade,
além das atividades religiosas e outras programações, familiares puderam
prantear, levar flores e acender velas para seus entes queridos. Um privilégio
que alguém que foi sepultado na Colônia Santa Marta não tem.
No cemitério vazio da Colônia no Dia de Finados chamou a
atenção a chegada do Sr. Lourival Lopes da Costa (82), acompanhado por duas
filhas, Marivalda Pereira da Costa e Valderice Lopes Cardoso. Ele carregando na
mão, não um ramalhete de flores, mas uma enxada para localizar e limpar o
túmulo de outra filha e da esposa. Na ocasião o idoso desabafou dizendo que “é
melhor se queimar o corpo e espalhar as cinzas, dá menos trabalho.”
Com tristeza ao ver as sepulturas naquelas condições Marivalda
revelou que se pudesse transferiria os restos mortais da mãe e da irmã para
outro lugar melhor.
Margeando a rua de terra estava o túmulo da filha do Sr. Lourival,
depois de limpo o lugar, acender velas e realizar as orações, os três embrenharam-se
no matagal em busca de localizar a sepultura da mãe para primeiro fazer a
limpeza, em seguida acender velas e orar.
A maioria dos túmulos estão no maior abandono, moradores revelaram que o descaso com o lugar acaba impedindo amigos e parentes de cultuarem seus mortos. Sem contar que grande parte das famílias dos Hansenianos (leprosos) sequer sabem da morte dos doentes e muito menos que estão enterrados e abandonados ali.
JCBarretoNews.
